Punk x Grunge
Abril 4, 2013 § Deixe um comentário
Editorial “Pretty in Punk”, Nylon Magazine Abril/13
Para Jean Paul Gaultier, o “grunge não é nada mais do que a maneira como nos vestimos, quando não temos dinheiro”. O designer disse isso à Vogue, em 1993. Para ele, o estilo nasceu da necessidade de um visual funcional e barato, com camisas de flanela para aquecer e botas para manter os pés secos. Em 1989, a banda Nirvana, formada por quatro jovens sem grana, chamou a atenção com seu estilo musical que, naquele momento, se destacou no meio da avalanche pop. O sucesso da banda e seus fãs tornaram o grunge um fenômeno mundial, até mesmo para os jovens que vivem nos trópicos.
O punk foi anti-fashion. Fruto da cultura anti-capitalista do faça você mesmo (DIY – Do it Yourself), com visual agressivo e rebelde. A palavra-chave desse movimento é: contracultura. Ao contrário do grunge, o punk já nasceu como um movimento com objetivos bem específicos.
Steven Meisel para Vogue, dezembro/1992
Em 1992, o grunge apareceu nas passarelas como tendência apresentada pelo jovem Marc Jacobs para Perry Ellis, Anna Sui e Christian Francis Roth. O impacto desses desfiles foi imediato, dividindo opiniões dos críticos de moda. Famosa por suas opiniões ácidas, Suzy Menkes chegou a dizer que o “grunge é medonho”. Depois de tanta polêmica, Marc Jacobs perdeu o seu emprego na Perry Ellis.
Se a idéia é vestir com pouca grana, a moda pegou o grunge e produziu modelões com preços absurdos! O jogo virou e a elite começou a usar looks amarrotados com silhuetas mais folgadas. Desde então, o estilo vive altos e baixos na moda.
Em maio, o Museum Metropolitam of Art (MET) vai inaugurar a exposição “Punk: Chaos to Couture”, uma análise sobre o impacto do punk na moda, desde o seu nascimento da década de 1970. Com cerca de 100 designs para homens e mulheres, a exposição inclui vestuário da moda punk original e recente, para ilustrar como a alta costura e o pret-à-porter se influenciaram com o movimento. Com foco na relação do “faça você mesmo” do punk, e do conceito de alta costura do “feito sob medida”, as sete galerias serão organizadas em torno dos materiais, técnicas e acessórios associados ao estilo da contracultura.
Para o inverno de 2014, vimos na semanas de moda internacionais que o grunge se aliou ao punk e está de volta com força total! Novos padrões de xadrez, mini-kilts, correntes, couro e botas ganharam fôlego em uma nova concepção do estilo. Foi em Milão que a tendência ganhou força, com Moschino, Versace, Fausto Puglisi e Blugirl (foto acima).
Em Paris, com Céline, Junya Watanabe, Saint Laurent, Givenchy e Chanel.
Em Londres, com Moschino Cheap & Chic, Clements Ribeiro, Christopher Kane e Margaret Howell.
Para consolidar 2013 como o ano do punk/grunge, esta semana a Saint Laurent Paris divulgou as imagens de sua companha com astros do rock como Courtney Love, Kim Gordon e Marilyn Manson. Isso tudo prova que nem sempre os críticos de moda tem razão.
O Polêmico Video da Louis Vuitton
Abril 4, 2013 § Deixe um comentário
Cena do video de outono/inverno da Louis Vuitton
A Louis Vuitton foi acusada de glamurizar a prostituição após lançamento do video que divulga a coleção de outono/inverno da grife, provocando indignação França. Vários advogados e intelectuais assinaram uma carta publicada em jornal de esquerda que acusa a maison de “assimilar o luxo à atividade mais lucrativa do mundo, depois do tráfico de drogas”. O advogado Dominique Attias disse que o video é “uma representação extremamente chocante das mulheres”.
Na campanha, Georgia May Jagger e Cara Delevigne passeiam pelas ruas escuras de Paris vestindo lingeries e inclinando-se nas janelas dos carros, entre outras cenas sensuais. O video foi feito para o site da revista LOVE, comstylling assinado por Katie Grand. A direção ficou por conta de James Lima, que já fez filmes para a Prada e Loewe. Apesar da Louis Vuitton não ter se manifestado sobre o video, Grand pediu desculpas aos que ficaram ofendidos e disse que essa não era a intenção.
Foto de Helmut Newton para a Vogue
Por outro lado, vemos no video fortes referências ao fotógrafo Helmut Newton, que trabalhava com uma estética altamente sexual e tem como trabalho mais famoso uma série de fotos para a Vogue, em 1975, com mulheres nuas ou usando terninhos.
A moda está sempre explorando esse tema, como vemos nas fotografias de Ellen von Unwerth, Terry Richardson, Steven Meisel, entre outros fotógrafos. A própria revista LOVE é conhecida pela sua estética diferenciada, com editoriais não convencionais. As campanhas de perfumes também vivem sofrendo críticas e censuras pela estética (ou até mesmo apelo) sexual. A questão é: até onde podemos avançar no tema sem que pareça vulgar ou apelativo, propondo um olhar contemporâneo e poético sobre a sexualidade da mulher? Certamente, Helmut Newton causou essa mesma reação com suas fotos naquela época e hoje em dia ele é um ícone.
*Texto escrito originalmente para evelynb.com.br/visoesFora do Figurino
Abril 4, 2013 § Deixe um comentário
Quem trabalha na área de moda, vai se interessar muito por esse documentário sobre o sistema antropométrico brasileiro. Com direção de Paulo Pélico, o filme mostra as dificuldades de comprar roupa num país que possui uma miscigenação infinita e possui padrões de medidas estrangeiros que não se encaixam na nossa população. Essa queixa, que vai de Santa Catarina ao Piauí, envolve anônimos e celebridades, como Ana Maria Braga, Adriane Galisteu, Regina Duarte, Odilon Wagner e Beatriz Segall. O documentário mostra, por exemplo, que a média de desperdício é de 20 cm para fazer a bainha de uma calça. Uma loucura! Já que a imprecisão métrica deixa o vestuário cada vez mais caro.
Apesar do filme não ter um ritmo que prende a atenção e de não apresentar soluções a curto prazo para o problema, vale a pena assistir pelas entrevistas com cidadãos de várias partes do país, costureiras, estilistas e empresários no Brasil e nos Estados Unidos. A pesquisa também revela que o problema abrange os calçados, móveis, uniformes e até preservativos. Assista ao trailer:
*Texto escrito originalmente para evelynb.com.br/visoesSaint Laurent Music Project
Abril 4, 2013 § Deixe um comentário
Para a próxima campanha da Saint Laurent Paris, Hedi Slimane fotografou Kim Gordon, courtney Love, Marilyn Manson e Ariel Pink, dando continuidade ao Music Project – já que na última temporada o músico Beck foi astro da campanha, ao lado da modelo Edie Campbell. Kim Gordon aparece nas fotos usando um smoking, mantendo a sua característica “mannish”, estilo bem marcado no último desfile da grife. Courtney Love, que já foi fotografada várias vezes por Slimane, aparece em casa usando um terninho risca de giz e uma camisa de seda plissada. Marilyn Manson e Ariel Pink vestem jaquetas biker de couro.
Desde que entrou na maison, Slimane vem fazendo ações que marcam a transição da grife para um novo ciclo, escolhendo “não-modelos” para as suas campanhas e associando cada vez mais a marca a um estilo grunge e rock’n’roll, sempre com uma pegada musical muito forte. Este novo ciclo ficou bem marcado em seu desfile de inverno 2013, que aconteceu em Paris no início de março.
*Texto escrito originalmente para evelynb.com.br/visoes
Op Art
Março 30, 2013 § Deixe um comentário
Não tem como negar que o grafismo é a tendência da estação: ele está nas passarelas, nas ruas, nos editoriais e nas capas das melhores revistas de moda. O conceito vem da Op Art, arte óptica a favor de menos expressão e mais visualização, que ganhou força na década de 50. Brincando com as percepções visuais, as cores e formas criam efeitos ópticos de sobreposição, movimento e interação entre o fundo e o foco principal.
A Elegante Polly Maggoo, de William Klein
Durante os anos 50, o americano William Klein ficou reconhecido mundialmente por causa de suas fotografias gráficas publicadas na Vogue e, na década seguinte, pelo clássico “A Elegante Polly Magoo”(1966), filme que satiriza o mundo da moda.
Para este verão, Marc Jacobs lançou a tendência da Op Art em sua marca e brincou com icônica estampa Damier na Louis Vuitton. Confirmando a tendência, Balmain e Jonathan Saunders também aderiram ao grafismo que logo foi parar nas revistas e nas ruas.
Balmain, Jonathan Saunders e Marc Jacobs
Em fevereiro e março, o grafismo pipocou em várias revistas, consagrando a tendência que já é a favorita das fashionistas. Abaixo, Ginta Lapina de Louis Vuitton para a Vogue Espanha de fevereiro.
Depois, chegou a vez das edições de março, com Charlotte Free na Flare, Lindsay Wixson na Vogue Japão e Nadja Bender para Numéro, as duas últimas de Louis Vuitton.
Na Vogue Brasil desse mês, Alessandra Ambrósio aparece com modelo Louis Vuitton semelhante ao usado por Lindsay Wixson.
Nas ruas, o sucesso é garantido!
*Texto escrito originalmente para evelynb.com.br/visoes